IBP discute o papel estratégico do gás natural na transição energética
Redução de emissões em alguns segmentos industriais pode chegar a 40% com o uso do energético
O gás natural tem um papel de destaque no processo de transição energética em curso. No Brasil, em especial, há uma janela de oportunidade para a utilização do gás tanto pelas grandes reservas existentes quanto pelo potencial de demanda a ser explorada.
A terceira edição dos Diálogos da Rio Oil & Gas 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), na última quinta-feira (30/6), jogou luz sobre o mercado de gás natural no foco da transição energética.
A gerente de Novos Negócios em Gás e Energia Elétrica da Shell, Carolina Bunting, destacou que a discussão sobre o uso do gás natural no Brasil passa por um momento diferente do visto na Europa, em razão da abertura do mercado – que trouxe mais agentes para o setor. “O gás natural é um combustível que vai ajudar na redução de emissão das indústrias. Vemos várias empresas que usam carvão ou diesel querendo comprar gás como uma solução”, disse.
Bunting ressalta duas características que tornam o gás natural uma opção competitiva. “A primeira é em relação à descarbonização. Há indústrias que podem reduzir em 40% suas emissões ao usar o gás, particularmente as que precisam de calor intenso. Hoje é uma solução imediata para a indústria. O gás com teor de carbono baixo é mais atrativo”, afirma a executiva.
Outra vantagem apontada pela gerente da Shell é sobre o desempenho do gás no contexto da garantia do abastecimento de energia. “Há outro aspecto que é em relação à segurança energética, como no ano passado, por exemplo, que tivemos as térmicas a gás ajudando a garantir o suprimento de energia no país”.
A executiva ressaltou ainda os benefícios que o novo mercado de gás já apresenta. “Em relação a preço, a abertura do mercado foi um passo importante para o Brasil. De acordo com a ANP, se pegarmos a média dos preços da Petrobras do ano passado os atuais, houve uma economia de 10% a 11%, uma vez que temos supridores alternativos”.
Já o gerente de Comercialização de Gás Natural da Repsol Sinopec, Andrés Sannazzaro, ressalta o potencial do gás para geração de outras fontes de energia, além da necessidade de melhorar a eficiência em busca de maior sustentabilidade.
“Em cada elo da cadeia temos onde ser mais eficiente. No upstream, temos a captura de CO2, o uso de ciclos combinados. No midstream, o gás natural pode ficar perto da fonte de consumo [small scale]; no downstream, podemos ter o uso de biometano, por exemplo, que apresenta um potencial enorme”, enfatizou Sannazzaro.
Na visão do gerente da Repsol Sinopec, o gás natural se torna cada vez mais importante no processo de transição energética, em razão do seu viés mais sustentável, mais descarbonizado em comparação a outras fontes. “Não tem discussão que a transição vai acontecer e que a matriz será diferente da que é hoje. A questão é debater de que maneira chegaremos lá, com bom senso, sustentabilidade e, também, agregando valor aos acionistas”, ressaltou.
O Diálogos da Rio Oil & Gas 2022 é uma série de quatro encontros, todos focados no Futuro da Indústria, que reúne os maiores nomes do setor de óleo e gás para debater os principais tópicos da transição energética.
O evento é transmitido gratuitamente pelo site do Hub da Rio Oil & Gas.