Veja fala de Marcelo Araujo, CEO da Ipiranga | ROG.e 2024

“O mundo em transformação espera compromissos de todos os agentes da sociedade”, defende Marcelo Araujo, CEO da Ipiranga

“O mundo em transformação espera compromissos de todos os agentes da sociedade”, defende Marcelo Araujo, CEO da Ipiranga

27/11/2020

Na esteira do lema Rio Oil & Gas 2020 – “Energia para um mundo em transformação” -, o cenário atual pede que cada um dos agentes da sociedade cumpra o seu papel. É nisso que acredita Marcelo Araujo, CEO da Ipiranga.

Confira a seguir a entrevista com o executivo sobre os temas da conferência que ele pretende acompanhar, o lugar do Brasil em um mundo em transformação e o papel do Downstream na transição energética.

Quais são as suas expectativas para o novo formato da Rio Oil & Gas?

A Rio Oil & Gas é um fórum de importância global para debater, esclarecer e dialogar sobre os desafios da cadeia de petróleo e gás. O cenário que estamos enfrentando torna ainda mais necessário esse encontro para dar destaque aos caminhos que toda indústria deverá avançar, especialmente diante das transformações que estão em curso e do ano desafiador que tivemos. Sem dúvidas, a pandemia acelerou todo processo de digitalização, mas esse formato tem muita aderência com as transformações que vem acontecendo no mundo. É um formato oportuno para conectar as pessoas, com conteúdo mais acessível, online, e por isso com maior alcance nessa experiência digital. Isso muito provavelmente vai aumentar o impacto positivo do evento na sociedade de uma maneira geral.

Tem algum tema ou sessão da programação que você não quer perder nesta edição?

O congresso está com muitos temas relevantes para o Downstream, mas eu destaco três deles, fundamentais, além da transição energética, se quisermos desenvolver o nosso mercado: investimento em infraestrutura, a abertura do refino e reforma tributária.

A indústria de energia – e, dentro dela, a indústria de combustíveis – é, se não a maior e mais complexa, das mais essenciais. Nenhuma economia se move sem abastecimento energético e de combustíveis, e isso é uma responsabilidade enorme não só para agentes públicos, mas para todas as entidades e agentes privados que queiram investir nesse setor. Estamos falando de investimentos de altíssimo impacto de capital e de longo prazo de retorno, não podemos ter uma regulação que atrase os novos investimentos e que crie insegurança. Temos que evoluir na direção de uma economia de mercado e fortalecer os agentes regulatórios importantes nessa atividade essencial.

A abertura do refino é uma dinâmica muito positiva, fundamental para o país e que, nessa transição, precisa de regras claras para todos os agentes. Além disso, para alcançarmos um patamar que fomente o apetite dos investidores e para melhorar nosso ambiente de negócios, é também imprescindível que haja a simplificação tributária. A carga de tributos incidente em combustíveis é de quase 50% do valor em alguns casos. Considerando que o setor trabalha com margens muito apertadas, a alavancagem do agente fraudador de impostos permite ganhos expressivos com sonegação e evasão fiscal, por exemplo. Isonomia tributária é um princípio básico para um mercado saudável, competitivo e que traz benefícios à toda sociedade. Temos muito a evoluir nesses pontos e acredito que teremos conversas importantes sobre eles na Rio Oil & Gas.

Você é um dos destaques do CEO Talks, que vai reunir líderes nacionais e internacionais. Na sua opinião, apesar das crises que afetaram a sociedade e a indústria em 2020, que lugar o Brasil ocupa neste mundo em transformação – como bem sinalizou o lema do evento: “Energia para um mundo em transformação”?

Na crise, ficou ainda mais evidente a força da união, da iniciativa privada com o poder público, como o caminho para suportar a sociedade em termos socioeconômicos e sustentáveis. O mundo em transformação espera compromissos de todos os agentes da sociedade, cada um cumprindo o seu papel. Esse lema, que trouxe a inclusão da transição energética aos blocos da Rio Oil & Gas, não poderia endereçar melhor esse tema absolutamente emergente para todos nós. Essa direção é inexorável. Nesse cenário, mesmo sofrendo impactos com a pandemia, o Brasil é uma das maiores economias do mundo e referência em matrizes limpas de energia, que são muito diferentes de um país para outro. O Brasil tem uma posição única nesse contexto da economia de baixo carbono, temos uma das matrizes mais limpas do planeta e somos um benchmark global com a participação dos biocombustíveis em nossa matriz de transporte.

Na sua visão, qual é o papel do downstream na transição energética?

As empresas que quiserem se manter relevantes nos próximos anos não podem negligenciar a descarbonização, a busca por matrizes mais limpas e a responsabilidade operacional, em benefício de toda a sociedade.

Temos no Downstream grande responsabilidade pela matriz energética de transporte. Todos os agentes dessa cadeia devem avançar na direção de uma atuação com menor impacto em carbono. Somos distribuidores de energia e vamos entregar o combustível que melhor se adeque ao consumidor e à sociedade. Nesse sentido, reduzir o consumo de carbono e estimular o uso de produtos renováveis é o nosso papel. E, para isso, temos que aproveitas as vantagens e tecnologias dentro de casa.

As empresas de energia devem ser protagonistas na transição energética, pensamos assim na Ipiranga. Claramente, a gente vai viver um processo lento de transformação. Damos conta que a demanda de combustíveis fósseis ainda crescerá e a transição será um processo gradual. Estamos evoluindo sempre. Dada a participação do petróleo na infraestrutura de nossa sociedade, teremos, por alguns anos, a coexistência do petróleo com as novas matrizes energéticas. A tendência é caminharmos para um setor elétrico mais livre e descentralizado, com uma mobilidade autônoma, compartilhada e mais limpa.

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