Raizen mostrou resiliência e tem vantagem por integrar cadeia de energia, diz CEO
“Com uma marca forte, distribuição capilarizada e boas parcerias, a Raizen mostrou resiliência diante dos impactos da pandemia da COVID-19, principalmente por controlar uma cadeia integrada de energia, a partir de seus ativos de produção de biocombustível (etanol). Ricardo Mussa, que assumiu a empresa em abril, conversou no CEO Talks, no último dia da Rio Oil & Gas, com a presidente do IBP, Clarissa Lins, sobre papel da liderança, importância da agenda ESG e da inovação tecnológica, descarbonização da matriz de transporte, mobilidade, desinvestimentos da Petrobras, Renovabio, estratégias para crescer – a empresa expandiu sua atuação para a Argentina – e atração de jovens talentos.
Sobre a transição de liderança no contexto atual, Mussa foi claro: “O handover foi difícil, o desafio foi como manter as operações rodando, com transparência e controle de custos. Mas as pessoas também estão mais abertas a mudar hábitos, a se adaptar. Nossa divisão de energia não parou, tivemos recorde de produção”, avaliou.
Para ele, o mercado brasileiro de distribuição de combustíveis tem características sustentáveis e ainda vai crescer por até 20 anos, pois atende às expectativas da sociedade. “As pessoas estão mais atentas com saúde, meio ambiente, os critérios ESG. Isso veio pra ficar e trouxe um prêmio efetivo inédito”, disse.
A Raízen, Mussa explica, aposta muito no potencial do etanol de segunda geração: “Ter o controle do feed stock é uma grande vantagem competitiva. A cana é fantástica para converter energia solar em biomassa, em energia elétrica, e mais recentemente também a partir do biogás, e hoje conseguimos produzir 50% de energia na mesma área”. A empresa inclusive está trabalhando para exportar a tecnologia como uma linha de negócios, na Índia e outros países da Ásia.
Finalmente, ele vê espaço para crescer, em paralelo aos desinvestimentos da Petrobras em refino. “É uma estratégia excelente, vai trazer investimentos, contratos, oportunidades, novos refinadores vão extrair máximo valor dos ativos. Mas não vejo como um ‘must have’ para as distribuidoras, por exemplo”.”