“Nunca foi tão necessário inovar”, afirma diretora de P&D da Total
O novo conceito da Rio Oil & Gas vai permitir à indústria de O&G repensar os processos das suas atividades e ser mais disruptiva, especialmente em um contexto em que o período de pandemia e o impacto da queda do preço do petróleo exigem um movimento de transformação do setor.
Na entrevista abaixo, Isabel Waclawek, diretora de P&D da Total, que também é chair do bloco de Transformação Digital da Rio Oil & Gas, fala mais sobre como a mudança de formato da conferência se relaciona com uma nova cultura de inovação do segmento e as mudanças que aguardam os profissionais no pós-pandemia, além da revisão da cláusula de P&D e como o congresso vai abordar seus impactos nos ecossistemas de tecnologia e inovação.
- Como você enxerga a mudança de conceito da Rio Oil & Gas, que se transforma, a partir da edição de 2020, em uma plataforma de inovação?
IW: Enxergo esta mudança de forma muito positiva, pois vem ao encontro da necessidade de transformação trazida pelo período de pandemia e pelo impacto que sofremos este ano com a queda significativa do preço do petróleo. Nunca foi tão necessário inovar. Por meio deste novo formato da Rio Oil & Gas 2020, traremos a oportunidade de repensarmos todos os processos das nossas atividades, através da melhoria da eficiência e da segurança operacional, do desenvolvimento do profissional do futuro, da aceleração destes processos por meio da tecnologia digital, e da redução das emissões de gases poluentes. É importante desburocratizarmos, sermos mais ágeis e mais criativos. A pandemia nos mostrou a fragilidade da nossa economia e a necessidade de desenvolvermos uma cultura de inovação para lidarmos com as contingências em relação a possíveis incertezas que o futuro ainda pode nos trazer. O evento trará a marca do “novo” para promovermos soluções cada vez mais disruptivas no nosso setor.
- Com a necessidade de trabalho remoto por conta do novo coronavírus, muitas empresas se viram em um processo acelerado de transformação digital. Quais mudanças você acredita que isso vai acarretar para os profissionais no momento pós-pandemia?
IW: No período pós-pandemia, as empresas passarão a ser mais resilientes, pois a sua capacidade de adaptação durante este momento de crise já foi colocada à prova. Os desafios da pandemia do coronavírus nos trouxeram novos modelos de negócios e de processos que vieram para ficar. A gestão do conhecimento nas organizações certamente será reforçada, de forma a desenvolver soluções mais inovadoras. Haverá uma migração de sistemas locais para nuvens híbridas, bem como a criação de um ambiente de trabalho mais dinâmico e flexível, e, em consequência, a necessidade de uma maior garantia na segurança de dados contra possíveis ataques cibernéticos. Nesse contexto, haverá uma demanda por profissionais que respondam de forma mais ágil e que desafiem os processos mais engessados, que impactam o crescimento das empresas por não contemplarem a transformação digital e a inovação.
- Na sua opinião, levando em consideração o momento que vivemos, quais são os temas da agenda de Transformação Digital que são mais urgentes de serem discutidos em um fórum internacional, como a Rio Oil & Gas?
IW: Entre as tecnologias digitais que estamos trazendo para a Rio Oil & Gas, posso destacar as seguintes: manufatura aditiva, inteligência artificial/computação cognitiva, blockchain, otimização de processos, gerenciamento de dados, digital twin, cloud computing, segurança nas operações offshore e nos processos (plataformas sem presença humana, monitoramento remoto) e, principalmente, a segurança cibernética. Esses são temas que certamente continuarão prioritários em eventos futuros, dada a sua relevância e atualidade.
- Há mais de 20 anos, a cláusula de PD&I tem garantido investimentos em pesquisas e a adoção de novas tecnologias na indústria. Quais são as suas expectativas para a revisão do novo regulamento e como seus impactos nos ecossistemas de tecnologia e inovação serão abordados na Rio Oil & Gas?
IW: A última revisão do regulamento já trouxe para as empresas de óleo e gás flexibilizações importantes em vários aspectos, entre os quais podemos citar a aceitação de novos tipos de projetos e despesas, a livre negociação dos direitos de Propriedade Intelectual pelas partes e a ausência do limite de tempo para a antecipação de investimentos em P&D. A criação dos programas prioritários também foi uma importante novidade da última revisão do regulamento, pois ela promove o investimento em projetos que estimulam a criação e o desenvolvimento de startups no setor de óleo e gás brasileiro.
Na Rio Oil & Gas, pretendemos debater a inovação na indústria de óleo e gás, sua evolução ao longo do tempo, os desafios e as possíveis soluções para acelerar a geração e a implementação de novas tecnologias. Ainda que beneficiados pela cláusula de P&D, os avanços tecnológicos ainda acontecem em ritmo lento no Brasil, quando comparados a outros países do mundo. Em relação ao ecossistema de tecnologia e inovação, pretendemos abordar no evento, entre outros temas, os fatores-chave para acelerar P&D&I na indústria de óleo e gás, as parcerias entre empresas brasileiras e estrangeiras com a coparticipação de universidades para fomentar a inovação e a competitividade no país, os desafios da introdução em larga escala dos conceitos da Indústria 4.0, e os efeitos da crise da pandemia na indústria de óleo e gás.