Oportunidades e desafios no novo mercado de downstream no Brasil
A transição energética para uma economia de baixo carbono, com redução de emissões em toda a cadeia produtiva, e as mudanças na matriz de transporte, com o aumento da participação de biocombustíveis – inclusive os que estão sendo desenvolvidos para os próximos anos – são alguns dos principais desafios para o novo downstream no Brasil, num cenário pós desinvestimentos pela Petrobras. Para Rafael Grisolia, CEO da BR Distribuidora e moderador do painel “Downstream brasileiro no pós abertura do refino”, a abertura do setor é uma oportunidade de aumentar a competição, mas demanda coordenação dos múltiplos atores envolvidos para superar os desafios.
Claudio Mastella, gerente executivo de Comercialização da Petrobras, disse que a empresa vem se preparando rapidamente para essa transição, melhorando processos, gestão de pessoas e qualificação, com novas ferramentas tecnológicas, transparência, qualidade de produto, logística e custos. “Queremos ser a melhor opção, poder competir mais com os outros refinadores. Também temos que ter atenção aos impactos ambientais, na eficiência energética dos produtos”.
José Mauro Coelho, secretário Executivo de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, relembrou as mudanças importantes desde 2016, como a abertura do mercado, reposicionamento da Petrobras e paridade com os preços internacionais. “O governo criou a iniciativa Abastece Brasil, reunindo diversos ministérios e órgãos regulatórios e de planejamento. O CNPE, através de seu comitê técnico, vem aprimorando normas legais e infra-legais para o novo cenário de downstream. Estamos fazendo um grande trabalho para garantir uma transição segura, com previsibilidade jurídica, garantia de abastecimento e preço”.
Ele adiantou que na semana que vem o que governo vai levar ao CNPE uma proposta para dar à ANP diretrizes para monitorar o novo mercado como um todo, em tempo real, o que atualmente é feito pela Petrobras. “Os biocombustíveis são um diferencial muito importante que temos para outros países, precisamos avaliar como as novas tecnologias vão entrar na matriz de transporte, combinando ciclo otto, diesel, eletrificação, biocombustíveis avançados e hidrogênio. Discutiremos no CNPE a criação de um Grupo de Trabalho. Também vamos propor ao CNPE uma diretriz para rever o atual modelo de comercialização do biodiesel, em leilões públicos envolvendo a Petrobras, que não faz mais sentido. Queremos fazer uma transição em 2021 para um mercado mais aberto e com livre concorrência”.