Os desafios para a abertura do mercado de gás natural no Brasil
O secretário-executivo-adjunto do Ministério de Minas e Energia, Bruno Eustáquio de Carvalho, ressaltou que a decisão do Cade sobre a necessidade de venda de ativos de gás natural da Petrobras foi um marco importante de abertura do setor, que está em curso. Ele afirmou, porém, que ainda há um cenário de “infraestrutura incipiente e um mercado supridor muito concentrado” em uma única companhia. “Temos a oportunidade de diversificar, integrar e promover o crescimento da oferta com o Novo Mercado de Gás”, disse ele, na sessão “A abertura do mercado de gás natural no Brasil”, da Rio Oil & Gas.
Michael Stoppard, estrategista-chefe global de gás da IHS Markit, destacou que é “importante garantir uma boa relação risco-retorno para atrair investimentos para o setor”, que tem entre os seus desafios a expansão da infraestrutura de gasodutos. Outras questões a serem superadas, segundo ele, são a baixa competitividade na oferta de gás e a necessidade de altos investimentos na para a produção offshore, além da caraterística do país de concentrar reservas de gás associado. Um fator importante para o crescimento do mercado é a que muitas empresas estão assumindo compromissos para zerar suas emissões, o que deve afetar a demanda por gás natural nos próximos anos.
Lazslo Varro, economista-chefe da IEA, ressaltou a importância da expansão do mercado de gás natural e sua integração com o setor de energia elétrica. “O gás é uma reserva para as demais fontes de energia, uma bateria para o setor”, disse Varro, ressaltando que o gás é combustível da transição energética. O palestrante citou ainda o grande potencial de produção offshore de gás natural no país, apesar de a demanda para o produto “ainda estar em construção” no Brasil.
Ieda Gomes, pesquisadora sênior visitante de Oxford, afirmou que o gás natural “é considerado um combustível de transição” para uma economia de baixo carbono, mas tem sido questionamento na discussão sobre descarbonização do setor energético por ser de origem fóssil. “O gás natural e sobretudo o GNL pode prover a flexibilidade que o setor de energia necessita com o avanço de fontes como solar e eólicas [que não geram energia de modo constante”, afirmou ela.